O teu silêncio é ave noturna, pupila
que de remotas torres vigia -
dos filhotes, já os trêmulos augúrios,
dos amantes, a fome de rapina.
Tem algo abissal o teu silêncio,
pérola onde toda luz engasta -
dos cavalos do mar, as líquidas crinas,
das dorsais do oceano, a geometria do assombro,
o sólido frontal encanto.
Atos litúrgicos, iluminuras, litanias,
o teu silêncio é ainda espargido incenso -
cinza imemorial e odora -
nave dos dissensos que ergui.
(Melhor te amariam os olhos
que distraídos de mim te vissem.)
FERNANDO CAMPANELLA
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