sábado, 1 de setembro de 2012

EVOLUÇÃO



"Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,
Tronco ou ramo na incógnita floresta ...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo ...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
Ou, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo ...

Hoje sou homem - e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, na imensidade ...

Interrogo o infinito e às vezes choro ...
Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade."

Antero de Quental 

Nenhum comentário:

Postar um comentário