quinta-feira, 6 de novembro de 2014

PALMEIRA IMPERIAL



Mostras na glória um coração mesquinho...
Numa beleza esplêndida, que aterra,
Passas desencadeando um ar de guerra,
Sem deixar um perfume no caminho.

Como a palmeira, não susténs um ninho!
Não és filha, mas hóspede da Terra;
Subjugando a planície, na alta serra,
- Cruel às aves, seca de carinho.

Há no deslumbramento do teu porte
Tédio, orgulho, desdém: talvez saudade
De outra vida, ambição talvez da morte...

Como a palmeira, tens a majestade,
E dela tens a desgraçada sorte:
A avareza da sombra e da piedade.

Olavo Bilac
In ‘Tarde’ (1919)


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