Mar e vento. É o que somos. Mar, com
profundidades abissais, com tormentas, e com a
infinita inquietação prisioneira. Vento, com ânsia
e o destino da liberdade igualmente infinita.
Mar e vento não seriam completos, um sem o
outro. A realidade que na vasta natureza tanto
nos comove não é apenas o mar, ou o vento.
É o vento fundindo-se no mar. As ondas são
vento liquefeito, e o vôo do vento é uma medida
das solidões do mar.
Na vasta natureza, e na vastidão do que somos,
o que nasce desse encontro é a cantiga. O vento
e o mar fundindo-se numa queixa única, e infinita.
A cantiga é sempre queixa, e sempre queixa infinita.
Mesmo se fala de deslumbramento.
Tasso da Silveira
in Poema de Antes
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