sexta-feira, 12 de setembro de 2014

AS POMBAS




Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
de pombas vão-se dos pombais, apenas
raia, sanguínea e fresca, a madrugada... 

E, à tarde, quando a rígida nortada
sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas,
ruflando as asas, sacudindo as penas,
voltam todas em bando e em revoada... 

Também dos corações, onde abotoam. 
os sonhos, um por um, céleres voam, 
como voam as pombas dos pombais; 

no azul da adolescência as asas soltam,
fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, 
e eles aos corações não voltam mais!.


Raimundo Correia
- Maranhão (1860-1911)

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