Uso a palavra azul como quem ousa
usar a asas do pássaro e reduzo
o símbolo da cor a qualquer cousa
tornada conivente pelo uso.
Sem asa e azul o pássaro não pousa
nas nuvens do real, como me escuso
de inscrever a palavra numa lousa
ou de enterrá-la como um parafuso.
Mas o azul não incide nos meus atos
nem o vôo do pássaro me oprime
a ponto de frear os meus sapatos.
Uso azul quando azul em terra escôo,
mesmo porque não configura crime
falar de céu quando o assunto é vôo.
1963
Lago Burnett
In: Estrela do Céu Perdido
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