A rua é um campo de papoulas. Cada
Destino cinge-se do sangue e augura
O Encontro. E todos ardem na procura
De algo impreciso, chama soterrada;
Sombrio sortilégio, luz buscada
Em noite interna ou na charneca impura.
Em todos, esse mapa de aventura
E a certeza de ter hora marcada;
O toque intransmissível, inadiável,
O momento suspenso, o ser pendente
Sobre a treva quebrada em lantejoulas;
O Encontro está presente, indecifrável:
Os Fados vão cruzando novamente,
A rua campo inquieto de papoulas.
Paulo Bomfim
Sonetos da vida e da morte
1963
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