domingo, 1 de junho de 2014

A BALADA DAS FOLHAS



No crepúsculo de gaze
E ouro, anda alguém a cantar
Uma cantiga que é quase
Um choro humano, pelo ar...
Pensativo, os olhos ponho
Nas folhas, - vida que vai
A extinguir-se, sonho a sonho, 
Em cada folha que cai...

A primeira é verde e é linda.
Porque o vento a desprendeu ?
Não tinha vivido ainda,
Não tinha amado e morreu.
Vento do Destino avança,
E num soluço, num ai,
Cai um mundo de esperança
Na folha humilde que cai.

A segunda é a folha morta, 
Passado... Desilusão...
Mal o vento os ramos corta, 
Ela adormece no chão...
É a saudade, - folha da alma –
Que no tormento se abstrai
E vive da morte calma
De cada sonho que cai.

OFERENDA:

No crepúsculo indeciso
Da vida, me martirizo
Por um sonho que se esvai...
Caem folhas... Chorei !...
Há uma lágrima, um sorriso...
Em cada folha que cai.


Olegário Mariano
in 'Poemas de amor e de saudade'
1.932.

Um comentário:

  1. Amália, entro aqui e não quero mais sair de tantas belezas que leio. Este poema então me fez chorar de tamanha emoção que me causou e eu cho mesmo quando as plavras me tocam.
    Uma linda noite. Gostaria tanto de receber atualizações de seus blogs. Coloca o feed para seguirmos por e-mail.

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