Tomar a substancia do dia,
a sua mágica substancia,
e levantá-la como um vaso,
desenhando no seu cristal
desejo, deslumbramento, esperança
na rosa que não é apenas flor,
mas diagrama da perfeição.
E de novo recomeçar,
porque é sempre um novo dia,
e o cristal da sua substancia
foge entre os nossos dedos,
e amarga em nossa boca,
e é puro quartzo de lagrima
que se prepara e forma e quebra
para sempre, na eterna solidão.
Cecília Meireles
In: Poesia Completa
Dispersos (1918-1964)
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