segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A ROMÃ



Mal se confrange na haste a corola sangrenta 
E o punício vigor das pétalas descora. 
Já no ovário fecundo e intumescido, aumenta 
O escrínio em que retém os seus tesouros. Flora! 

E ei-la exsurge a Romã. Fruta excelsa e opulenta 
Que de acesos rubis os lóculos colora 
E à casca orbicular, áurea e eritrina ostenta 
O ouro do entardecer e o paunásio da aurora! 

Fruta heráldica e real, em si, traz à coroa 
Que o cálice da flor lhe pôs com o mesmo afago 
Com que a Mãe Natureza os seres galardoa! 

Porém a forma hostil, de arremesso e de estrago, 
Lembra um dardo mortal que o espaço cruza e atroa 
Nos prélios ancestrais de Roma e de Cartago! 


Emílio de Menezes











Nenhum comentário:

Postar um comentário