Hoje estou como nunca sentindo o mar, o denso mar.
O mar, no seio de cujas solidões os continentes são
como pobres pranchas a que se agarram náufragos.
O mar ainda primitivo, primevo, fresco e verde na
hora em que o mundo se desfaz em poeira antiga.
O mar virginal e vivo, movendo em ritmo cósmico a
massa funda,
ignorando praias e cais, e o pobre humano tumulto,
e as torres e os faróis,
rolando a massa funda como se só ele existisse, e,
no céu, as estrelas,
e cantando o seu canto como se só as estrelas
devessem ouvi-lo,
porque é um canto de eternidade, de plenitude e de força,
como, além dele, só as estrelas sabem cantar
no seu absoluto silêncio ...
Tasso da Silveira
in Poemas de Antes
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