terça-feira, 29 de julho de 2014

XXXII



Somos aves do mar, batendo, ansiadas,
as asas, num viveiro de pomar.
Em torno, ao vento, agitam-se as ramadas:
ao vento vivo que nasceu do mar. 

Ah, que nunca dobramos resignadas,
as asas, nem deixemos de sonhar.
O vento vem em trêmulas lufadas;
e no canto do vento vem o mar ...

Se entre as formas efêmeras nascemos
foi para que a alma eterna que trouxemos
em si mesma realiza, a soluçar,

a absoluta beleza, à nostalgia
das origens divinas a que um dia
retornaremos, como para o mar ...


Tasso da Silveira
in Poemas

Nenhum comentário:

Postar um comentário